Religião

Enchente de 1983: Santa Missa celebra 41 anos de história da Vila Sete de Julho

  • Jardel Martinazzo
  • 07/07/2024 12:05
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Foto: Capinzal FM - Jardel Martinazzo

Neste domingo, 07 de julho, a tradicional missa na Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro teve um significado especial, marcando os 41 anos do surgimento da comunidade Vila Sete de Julho.

O Pároco Frei Justino Stolf presidiu a celebração e a liturgia do Apostolado da Oração. Frei Justino iniciou a missa convidando Egídio Lanhi, morador de 87 anos, para relembrar o surgimento da comunidade após a devastadora enchente de 1983, que destruiu dezenas de casas nas margens do Rio do Peixe. Naquele momento, famílias desabrigadas se instalaram onde hoje é a Vila Sete de Julho, batizada em referência à data do evento climático.

Egídio recordou a mobilização da população e da prefeitura, liderada pelo então prefeito Celso Farina (in memoriam). Na região havia apenas cinco famílias, sendo que hoje abriga aproximadamente 800.

A união da comunidade foi fundamental para a construção da capela, na época a Paróquia tinha como pároco o Frei Luiz Wolf. No começo, havia apenas um pequeno espaço para celebrações e catequese, mas com o tempo, a comunidade se mobilizou para ampliar e melhorar as instalações.

"É uma comunidade católica muito forte, sempre organizada, que mantém viva essa história abençoada e se dedica voluntariamente para preservar esse legado", destacou Frei Justino, reforçando a importância da religiosidade para a solidez e estruturação de uma comunidade.

João Alcides dos Santos, de 72 anos, também relembrou os momentos difíceis. Na época, ele morava próximo ao Rio do Peixe e trabalhava na Indústria Reunidas Ouro. João contou que todos foram surpreendidos pelas águas, forçando-os a abandonar suas casas às pressas. Eles foram abrigados na propriedade dos Filipini por cerca de quatro meses, até que as casas da Vila Sete de Julho fossem construídas com material fornecido pela Usina de Itaipu.

Relembrando a tragédia

A enchente de 1983 deixou uma marca profunda na vida de milhares de pessoas em Santa Catarina. Conforme a Defesa Civil do Estado, a tragédia resultou em pelo menos 49 mortes e 197.790 desabrigados em 90 municípios.

Na cidade de Ouro, 12 casas na Rua Voluntários da Pátria, no bairro Parque e Jardim Ouro, foram destruídas. A ponte do Rio Leãozinho, próxima à capela de Nossa Senhora de Caravaggio, também foi submersa. O prefeito Domingos Boff construiu casas na parte alta do Parque e Jardim Ouro, hoje bairro Alvorada, para abrigar as famílias desabrigadas.

Em Capinzal, a Rua Beira Rio, onde hoje está a Área de Lazer Dr. Arnaldo Favorito, foi a mais afetada, com mais de 100 famílias atingidas e cerca de 96 casas destruídas. O centro comercial da cidade foi invadido pelas águas, resultando em grandes perdas de produtos e estoques. O sistema telefônico foi destruído, causando prejuízos incalculáveis.

O prefeito de Capinzal na época, Celso Farina, teve um papel crucial ao adquirir uma área de terra na Estrada Velha, de propriedade do advogado Lourenço Brancher.

Com material doado por uma empresa construtora de barragem, foram construídas dezenas de casas pré-moldadas no local, dando origem à Vila Sete de Julho e iniciando o desenvolvimento da região hoje conhecida como Cidade Alta.



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